Gonzaga Filho
Extraída do livro “Eu, Sobre a Paisagem”
Por Dona Maria e Seu Luiz
Nasci tão querido e amado
Em Macau na terra do sal
Tive o meu destino traçado
Filho de um pai estivador
Morador da Rua Pereira Carneiro
Que na vida não tinha vícios
Um homem pacato e ordeiro
No dia primeiro de Outubro
De mil novecentos e cinquenta e nove
A bordo do Comandante Martini
É encontrado um corpo que não se move
Era o corpo do meu pai
Vítima de um acidente fatal
Que cumprindo sua missão
Foi soterrado pelo sal
Minha mãe ficou viúva
Com três filhos para criar
Sofrendo com as necessidades
Passou a costurar
Em novembro de sessenta e quatro
Viajamos a bordo de uma Rural
O motorista era José Bonifácio
Que nos levou até Natal
Chegamos à casa da minha avó
Tivemos uma recepção bem fria
Dava para sentir o desprezo
No olhar do meu tio e da minha tia
Alugamos uma casa nas Rocas
Onde tive alegrias e decepções
Alegria de poder estudar
Decepção com padrasto machão
Cinco anos haviam se passado
Do início de nossa agonia
Desde que o meu pai nos deixou
Eu, minha mãe, Izabel e Maria
Não tenho lembranças do meu pai
Mas a saudade me magoa
Com a certeza que com ele vivo
Nossa vida teria sido muito boa
Hoje eu peço a meu Deus
Que conserve a sua alma em um bom lugar
Pois enquanto eu não for para o seu lado
Aqui ficarei para ele somente a orar
Quem é Gonzaga Filho? Linda poesia!!!
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