Macau esquece Hianto de Almeida

Alex Gurgel

 O Teatro Hianto de Almeida Fechado é o retrato do descaso que a Prefeitura de Macau tem pela cultura da cidade. 

Alex Gurgel - Jornalista

Um dos músicos mais importantes da Bossa Nova brasileira foi completamente esquecido na sua terra. No ano que a Bossa Nova completa 50 anos com comemorações em todo o Brasil, a cidade de Macau não reconhece o valor da obra de um dos filhos mais exaltado pela imprensa brasileira. Até o teatro que leva seu nome continua fechado, mostrando o descaso da Prefeitura de Macau pela cultura do município.

Conforme o jornalista Bosco Afonso, o executivo municipal macauense não tem uma política cultural para a cidade e só se preocupa em fazer festas de eventos. “Enquanto isso, nossas manifestações culturais são esquecidas. Hianto de Almeida é considerado por muitos intelectuais como um dos precursores da Bossa Nova. Ele jamais poderia ser esquecido pelos macauenses”, disse Bosco.

Apesar de Macau ser o campeão na arrecadação de royalties pela exploração de petróleo, a Prefeitura de Macau mantém fechado o Teatro Municipal Hianto de Almeida por falta de iniciativa da Fundação de Cultura, cujo presidente Chico Paraíba declarou que há um projeto tramitando no Ministério da Cultura, em Brasília, que irar contemplar a recuperação do prédio.

Bosco Afonso sugere que os gestores macauenses comecem a entender que muitos estudiosos em música brasileira sempre ressaltam o nome de Hianto de Almeida, que desde 1952 coleciona gravações nas mais variadas vozes de intérpretes brasileiros como João Gilberto, Elza Soares, Dalva de Oliveira, Maysa, Jair Rodrigues e outros mitos da Bossa Nova. “Hianto tem uma importância Nacional, somente Macau não quer ver”, disse Bosco.
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Um macauense de vida breve

Foto web

O macauense Hianto de Almeida, um dos precussores da Bossa Nova, foi esquecido pela Prefeitura de Macau



Em maio passado, a pesquisadora Leide Câmara lançou o livro “A bossa nova de Hianto de Almeida”, trazendo à memória a obra de Hianto de Almeida “o potiguar da Bossa Nova”, como citou a autora. Segundo Leide Câmara, os amigos bossa-novistas de Hianto o tratavam por "lorde". "Ele tinha uma característica marcante que era a forma de se vestir. Era muito elegante , educado e fino", conta.

Hianto viveu entre 1923 e 1964. Morreu prematuramente de câncer nos ossos após um longo e inútil tratamento. Segundo a pesquisadora, ele sequer chegou a ver a explosão que foi a Bossa Nova. "Pena que ele não viu a explosão da Bossa Nova, que fez a música brasileira ficar conhecida mundialmente", lamenta.

Hianto de Almeida também firmou parcerias importantes na música brasileira. Um de seus principais parceiros foi Chico Anysio com quem compôs, entre outras, “Mudou Pra Melhor”, “Muié” de “Oio Azul” e “Segredo da Meia Noite”. No samba “E Daí?”, contou com arranjos e acompanhamento de Tom Jobim e seu conjunto. No mesmo ano, Cauby Peixoto gravou a toada “Caju Nasceu pra Cachaça”, parceria com o folclorista potiguar Veríssimo de Melo.
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Em “A bossa nova de Hianto de Almeida” há espaço também para a família do homenageado. O pai, Fernando d’Almeida, era pianista e exerceu importante influencia nas escolhas de Hianto. Ainda em Macau, o pianista tocava no cinema mudo, quando passou a levar o filho, ainda criança para fazer o mesmo. Os irmãos Gilson, Haroldo, e Newton também são músicos. Os dois últimos foram parceiros de Hianto.