Aos ventos da foz do rio Açu erguida,
e tendo o nome do seu sesmeiro
Manuel Gonçalves, resistia a ilha-
Flor sangrando em meio às marés
Altas de sizígia. O mar vinha em espumas
De fogo, e levava, em velozes carrosséis,
Pedaço por pedaço do seu chão salgado,
E ante o qual, por amplo tempo, brando
Cantara. Luminosas cicatrizes refloresciam
Na carne dos seus pacíficos moradores
(pescadores e salineiros). E lhes doía
A última visão – sol em sossego do poente,
Que se apagava das casas e pequenas ruas,
Onde ressoavam ainda os seus longos
Passos. O mar, incandescendo-se de azuis,
A ilha escondeu entre ondas
Ardentes e porões abissais que construíra.
Em noites de lua de agosto, quando
O mar reveste-se de brancos algodoais,
Os pescadores escutam cantos de sino
Que vêm da capelinha insepulta,
E identificam a voz –
Tão leve, bela e pura,
Da Virgem da Conceição falando às águas.
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