por Cid Augusto
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Sábado é dia de jogar conversa fora nos sebos de Natal, de preferência degustando cachaça de cabeça, numa espécie de preparação para a meladinha do Bar do Nasi e outras iguarias do Beco da Lama. Os sebos natalenses, além do engasga-gato para clientes especiais e do prazer da compra de livros velhos empoeirados, possibilita o encontro com figuras variadas, inclusive com eloquentes filósofos populares.
Conversa-se de tudo nesse espaço, desde as bobagens da política local, ilustrada por rachas e traições, a assuntos sérios, como a arte de se dar nó em pingo d'água para se fazer cultura no Rio Grande do Norte. Num desses sábados, lá estava eu, vasculhando as estantes do Sebo da Praça, em busca de novidades na seção de literatura brasileira, enquanto ouvia dois homens conversarem sobre as maravilhas da casca da ameixeira.
- Como vai seu filho. Ele ficou bom daquela cirurgia que não cicatrizava?
- Ficou, mas não pelas mãos dos médicos. Foi a casca da ameixa - santo remédio! - quem devolveu a saúde do menino.
- E como isso funciona?
- Bom, você precisa tirar a casca do pau vivo, colocar de molho e, depois, ficar lavando a ferida com a água.
- Certeza de que esse negócio dá certo, sem antibiótico, sem nada?
- O quê, meu amigo, a água da casca da ameixa é tão forte, mas tão forte, que se você lavar a vagina de uma virgem, ela lacra na hora.
Foi aí que outro frequentador do sebo, em silêncio até então, largou o livro que estava lendo para intervir na conversa:
- Pelo amor de Deus, fale baixo, pois se as raparigas das Rocas descobrem isso, vão cobrar mais caro dizendo que são donzelas.
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