Bena I, Imperador da Casqueira.
Texto: José Saddock de Albuquerque
Foto: Alex Gurgel
O sol brilhava nas terras da Casqueira. Bena I, esquecido de seu “sólio imperial”, procurava por algum súdito, como se fosse possível encontrar algum súdito em um império de sonhos! Marujo temerário, muitos dias passaram até que Bena compreendesse que o império era ele, e que apenas as pipas morriam em seu cemitério...
Era difícil colher sozinho a estrela da manhã sobre o pássaro da noite; a poesia da tarde sobre o peito; a ausência do filho no espelho; o inesperado amanhecer do dia que não veio, onde seus passos caminhavam na pressa de nunca chegar, porque é sempre tarde para decidir, porque é sempre muito tarde para amanhecer, não a forma, mas a alma; não a navalha, mas o corte; não o rio, mas a água que passa diluída nas horas da manhã eterna onde seus passos jamais passaram...
Assim, Bena I, com a autoridade que a si concedeu, resolveu diluir-se nas águas de sua amada aquarela. Atirou seu coração ao rio, bradou ao universo e libertou seus poemas ao vento... Nunca se ouvia falar de outro Imperador que tenha tomado atitude tão digna...
Para nenhum outro Imperador escreveria essa carta:
são líquidas as palavras quando as escrevo
pássaros invisíveis da lembrança
a diluírem em mim o silêncio da fonte
escrevo mensagens antigas para os mortos
para os meus mortos
sou raiz com sede de passado
a poesia está nas cidades despovoadas
nas ruas desertas
na contida solidão do vazio
nada lembra o presente na ausência do que sou
o tempo é um lençol diáfano
na insustentável manhã do meu ser
o mundo não me diz muito de sua existência...
são líquidas as palavras quando as escrevo
pássaros invisíveis da lembrança
a diluírem em mim o silêncio da fonte
escrevo mensagens antigas para os mortos
para os meus mortos
sou raiz com sede de passado
a poesia está nas cidades despovoadas
nas ruas desertas
na contida solidão do vazio
nada lembra o presente na ausência do que sou
o tempo é um lençol diáfano
na insustentável manhã do meu ser
o mundo não me diz muito de sua existência...
Lembro-me bem dos mortos, dos meus mortos
por isso escrevo para eles
mando-lhes a essência das coisas que me cercam
a essência que está na mensagem antiga
na rígida e precisa mensagem antiga
e o futuro talvez esteja lá, pronto para nascer
de um passado que ainda não começou.
por isso escrevo para eles
mando-lhes a essência das coisas que me cercam
a essência que está na mensagem antiga
na rígida e precisa mensagem antiga
e o futuro talvez esteja lá, pronto para nascer
de um passado que ainda não começou.
Natal Sem Graça
ResponderExcluirEntão era o Natal
A ceia eu tinha preparado
Eram 2 litros de Pitu
1 banda de frango assado
1 litro de vinho Dom Bosco
10 reais de salgados
Quando alguém gritou aflito
Disse:- Tá mal mestre Benito
O nosso eterno galado!
A triste penosa notícia
Saíu por Macau afora
Porque partiste, gala
Benito logo agora
Hoje Macau clama por ti
Hoje Macau toda chora!
Vando
MESMO NÃO TENDO MUITA PROXIMIDADE COM BENITO, NUTRIA POR ELE UMA ADMIRAÇÃO ÍMPAR, DESDE A MINHA MAIS TENRA IDADE.
ResponderExcluirCRESCI, E A ADMIRAÇÃO PELO HOMEM INTELIGENTE, INTELECTUAL, IRREVERENTE, AUTÊNTICO, DE PERSONALIDADE FORTE, LUTADOR DAS CAUSAS SOCIAIS DOS MACAUENSES E GALADO, TAMBÉM CRESCEU.
APESAR DESSA NÃO PROXIMIDADE, O CONHECIA O SUFICIENTE PARA SABER QUE ELE ABOMINAVA A HIPOCRISIA. E SEM HIPOCRISIA NENHUMA DIGO:
" O SAL DESTA TERRA, SEM BENITO, NÃO TERÁ O MESMO SABOR"
PROFª NAVEGANTES JUSTO