segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

O cangaceiro Massilon

óleo sobre tela de Franklin Serrão
A marcha do cancageiro Lampião para Mossoró foi retratada pelo artista natalense Franklin Serrão.

Por Alex Gurgel
Jornalista - alexgurgel@msn.com

Seu nome era Benevindes Leite, nasceu na Serra de Luís Gomes, no Rio Grande do Norte, lá na “Tromba do Elefante”, região do Alto Oeste potiguar. Era um agricultor de boa índole, divertido e gostava de fazer amizades. Frequentador das feiras livres e apreciador de uma boa cachaça, sempre tomava uma e jogava baralho no Mercado Público. Quando entrou para o Cangaço, mudou seu nome para Massilon e tinha um irmão cangaceiro que era conhecido por “Pinga Fogo”.

A feira da cidade de Belém de Brejo do Cruz, na Paraíba, era uma das feiras de sua preferência. O delegado da cidade, homem valente e hostil, havia proibido o costume do povo andar armado e, nada teria lhe acontecido se um “cagueta” não tivesse ido dizer à polícia que Massilon estava armado e embriagado. Não demorou muito e todos os policiais da cidade estavam cercando e prontos para desarmá-lo.

Massilon foi se esconder por trás da igreja e houve muita troca de tiros. Então, chega um cidadão de Jardim de Piranhas, conhecido por Mané Forte e segura Massilon por trás. Ele grita: “Mané Forte! Me solta se não a polícia me mata!”. Mas, Mané Forte tentava convencê-lo de que era possível o diálogo e ele precisava se entregar pra policia. Mesmo com os braços presos, segurando sua arma na mão direita, ele conseguiu acertar um soldado que veio a falecer. Com esperteza e agilidade, Massilon conseguiu escapar de Mané Forte e, dali mesmo, fugiu para dentro da caatinga e foi incorporar-se ao bando de Lampião.

Já tendo a confiança do Capitão Virgulino, Massilon colocou na cabeça de Lampião a idéia de assaltar a cidade de Mossoró, pois afirmava que era uma cidade próspera, tinha bancos, um comercio desenvolvido e, portanto, era um bom negócio. Mas a verdade não era essa. Massilon tinha um amor platônico pela filha de Rodolfo Fernandes, o prefeito de Mossoró, e via nisso uma oportunidade de raptar a moça, uma bela galega ninfeta que encantava a todos.

Lampião não queria ir, além de ter uma devoção por santa Luzia, a padroeira de Mossoró, tinha também um certo respeito, ele não atacaria uma cidade que tivesse mais de duas igrejas. Mas, de tanto Massilon insistir, ele terminou cedendo. Já perto de Mossoró, Lampião quis desistir e enviou para o prefeito um bilhete dizendo que desistia de atacar a cidade em troca de 400 contos de réis, dinheiro da época.

O prefeito mandou como resposta uma bala embrulhada num papel e o recado dizendo que Lampião fosse contar o dinheiro pessoalmente. Era uma tarde de segunda-feira, do dia 13 de junho de 1927. O ataque foi um fracasso. Lampião perdeu dois importantes cangaceiros; “Jararaca” e “Colchete”. Outros cinco saíram feridos.

Depois de uma chuva de balas em Mossoró, o bando seguiu para a cidade de Limoeiro do Norte, no Ceará. Vendo seus planos irem por água abaixo, Massilon deixou o bando. Um senhor chamado Pedro Dantas Filho, natural de São José do Brejo do Cruz e residente em Caicó, falecido no ano passado aos 88 anos, dizia ter conhecido Massilon e contava essa história para quem quisesse ouvir. O ancião ainda confidenciou que depois do fracasso, Massilon teria ido para o Estado do Mato Grosso e nunca mais alguém teve notícias sua.

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