Entrevista com Eduardo Lemos

Eduardo Lemos: "Eu não tive nenhuma reunião com o prefeito Flávio Veras para falar sobre sucessão municipal e também não recebi nenhum comunicado sobre a decisão do prefeito sobre esse assunto". 

Com as especulações sobre a decisão do prefeito Flávio Veras em anunciar os nomes que terão seu apoio para as eleições de 2012, que já foi decidido que o PMDB terá a cabeça de chapa, o blog Macau em Dia foi fazer uma entrevista exclusiva com o doutor Eduardo Lemos, em sua clínica médica, em Natal, para saber sua opinião sobre sucessão municipal e a política macauense.

Por Alex Gurgel | jornalista

alexgurgel@com-texto.com

Como o senhor avalia essa crise entre os professores e a Secretaria de Educação do município de Macau, cuja titularidade da professora Mércia Teixeira foi uma indicação do senhor e do seu partido, o PSB?

O problema da Educação é muito grande e não está restrita apenas a Macau. Veja que acabamos de sair de uma crise com os professores e o Governo do Estado de meses de greve. Dona Mércia é uma das pessoas mais preparadas em Macau para gerir a Educação. Ela tem uma relação muito forte com a classe dos professores. Eu tenho dito que ela que procure balizar o sentimento dos professores porque não existe uma educação de qualidade sem professores. Dentro das prioridades do PSB, do Estatuto, do Regimento Interno e nos Programas de Governo do Partido, uma das metas principais é uma boa educação para o município. E nós queremos que ela siga a Cartilha do PSB. Eu tenho dito que ela se reúna com o prefeito e encontre as melhores soluções para a Educação em Macau.

O senhor tem feito essa ponte entre a secretária de Educação, Mércia Teixeira, e o prefeito Flávio Veras?

Eu tenho conversado muito com a secretária Mercia. Com o prefeito, eu não tenho conversado muito. A última vez que falei com o prefeito foi há 45 dias atrás e mostrei à ele o quanto é importante a Educação. Esse contato direto com o prefeito tem ficado a critério do vice-prefeito, Aluízio Faria, que despacha e tem mais chances de conversar com o prefeito no dia-a-dia.

Afinal, qual o papel do vice-prefeito no contexto político de Macau?

É um papel institucional. Assim como são todos os vice-prefeitos em todo Brasil, que pode ser ouvido, mediar conversas políticas e assumir a Prefeitura na ausência do prefeito. Aluízio é extremamente sensível, um macauense de coração, já foi professor e também tem total interesse em resolver o problema da Educação no município.

Doutor Eduardo Lemos, líder do PSB em Macau.

O que circula em Macau é que o prefeito Flávio Veras deu um prazo até o dia 30 de julho para que o senhor e o PSB resolvessem se aceita a indicação de vice na chapa onde o PMDB será a cabeça, uma recomendação do líder maior, Henrique Alves. O que o senhor tem a dizer aos macauenses?

Numa carta aberta que escrevi recentemente, eu já disse que minha preocupação no momento não é a sucessão. Seria muito personalismo e muito egoísmo discutir qualquer composição de chapa para 2012. Macau tem problemas muito mais urgentes e as pessoas de Macau não querem saber sobre as eleições do próximo ano. Os macauenses querem resolver os problemas de agora. Acho que as pessoas que fazem parte da base do governo deveriam se unir para melhorar a Educação, pensar na Saúde, dar uma infra-estrutura social maior, etc. Isso é que deveria ser pensado para Macau. Nesse momento, eu acho uma atitude extremamente egoísta de qualquer postulante colocar como prioridade a sucessão da Prefeitura de Macau.

O prefeito fez alguma reunião com o senhor para estipular algum prazo?

 Oficialmente, eu não tive nenhuma reunião com o prefeito de Macau e nem recebi nenhum comunicado sobre esse assunto. Nem eu e nem o vice-prefeito.

O senhor é sobrinho de Afonso Lemos, que tem comandado a legenda o PSD em Macau. Há possibilidade de o senhor ingressar no PSD?

Não existe essa possibilidade. É impossível eu sair de um partido que ajudei a fundar e que revolucionou Macau. Hoje, Macau está saneada, tem a Central do Cidadão, tem a ponte para a Ilha de Santana, as estradas trafegáveis, escolas reformadas, etc. Eu e Wilma fizemos muito por Macau e eu jamais deixaria o PSB.

O senhor é candidato a prefeito de Macau?

Não existe nenhum candidato. Eu sou pré-candidato. Eu não falo de forma personalizada. Pela sua história em Macau, eu acho que o PSB deve ter um candidato. O PSB nunca foi governo no município. Quando foi governo no Estado, o PSB mudou Macau. O mais aguerrido adversário ou o eleitor mais apaixonado pode enxergar que existe uma Macau antes e outra Macau depois do PSB. Então, é natural que o Partido Socialista Brasileiro queira governar o município de Macau. Não precisa ser especificamente Eduardo Lemos. Mas, no contexto político, se entre os nomes do PSB, meu nome estiver bem aceito e avaliado, vamos pleitear a disputa nas eleições de Macau. Agora, volto a repetir que é cedo.

E numa provável ruptura com o PMDB do prefeito Flávio Veras, o senhor sentaria na mesa com a oposição para formar um bloco único?

Isso é uma questão de futuro. Eu não tenho bola de cristal. Primeiro não existe nenhuma definição de rompimento com o prefeito Flávio Veras. Em nenhum momento, nós não fizemos nenhuma ação para romper a aliança. E as decisões futuras terão que ser discutidas com o PSB. Eu nunca tomei decisões monocráticas. Eu sempre dialoguei com o Partido.

O senhor já foi procurado por alguém da oposição?

Não. Objetivamente ninguém me procurou para falar sobre política partidária. Volto a dizer que é muito cedo. As pessoas mais preocupadas a discutir política em Macau são os políticos.

O senhor não acha que durante a Festa do Sal o assunto preferencial será a política e a sucessão de 2012?

Esse assunto será o preferido da classe política. Não precisa nem chegar a setembro com a Festa do Sal. Esse assunto, a classe política já discute desde o ano passado. Agora, o povo não está conversando sobre política e nem a sucessão de outubro de 2012.