sexta-feira, 20 de julho de 2012

10 anos sem o poeta Gilberto Avelino

Julho é o mês de nascimento e morte do poeta Gilberto Avelino. Nasceu no dia 09 de julho no ano da graça de 1928, em Assú. Se vivo estivesse, estaria completando 84 anos. No dia 21 de julho é a data do décimo aniversário do seu “encantamento”. Uma missa será celebrada em Natal, na próxima terça-feira, na Igreja Santa Terezinha, no bairro do Tirol.

O poeta Gilberto Avelino nasceu no Vale do Assu, mas a sua terra amada era Macau, onde chegou ainda menino, em companhia de seus pais. Herdou do pai, Edinor Avelino, o gosto pela poesia sofisticada. Gilberto era advogado, poeta lírico, prosador e tinha uma excelente oratória. Sabia declamar seus versos como ninguém.

Para homenagear Macau, Gilberto Avelino fez versos memoráveis que vão se eternizar na alma macauense:
“Esta é a terra que amo.
De rio em preamar, sereno,
onde entre ferrugens e sombras,
descansam âncoras, e navegam
fantasmas de barcos cinzentos (...)”

Gilberto Avelino era membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e da Academia Norte-riograndense de Letras, ocupando a cadeira número 35 que tem como patrono o poeta Juvenal Antunes, substituindo seu pai. O poeta estreou nas letras potiguares na década de setenta, publicando o livro “Moinho e O Vento”.

O poeta de alma salgada era da mesma geração dos poetas Berilo Wanderley, Zila Mamede, Celso da Silveira, dentre outros. Gilberto ainda publicou os livros: “O Navegador e o Sextante”, “Os Pontos Cardeais”, “Elegias do Mar Aceso em Lua”, “O Vento Leste”, “Além das Salina”, “As Marés e a Ilha”.

Como escritor e poeta, Gilberto Avelino colaborou em diversos jornais de Natal e do Recife, como Diário de Natal e o Diário de Pernambuco. Formou-se em direito pela Faculdade de Direito de Alagoas, em 1955.

Poema “A Ilha e a Lenda”, do livro Os Pontos Cardeais.

Aos ventos da foz do rio Açu erguida,
e tendo o nome do seu sesmeiro
Manuel Gonçalves, resistia a ilha -
flor sangrando em meio às marés

altas de sizígia. O mar vinha em espumas
de fogo, e levava, em velozes carrocéis,
pedaço por pedaço do seu chão salgado,
e ante o qual, por amplo tempo, brando

cantara. Luminosas cicatrizes refloresciam
na carne dos seus pacíficos moradores
(pescadores e salineiros). E lhes doía
a última visão - sol em sossego do poente,

que se apagava das casas e pequenas ruas,
onde ressoavam ainda os seus longos
passos. O mar, incandescendo-se de azuis,
a ilha escondeu entre ondas

ardentes e porões abissais que construíra.
Em noites de lua de agosto, quando
o mar reveste-se de brancos algodoais,
os pescadores escutam cantos de sino

que vêm da capelinha insepulta,
e identificam a voz -
tão leve, bela e pura,
da virgem da Conceição falando às águas.

2 comentários:

  1. A missa realmente foi muito bonita ,eu sou neto de Gilberto Avelino e ele partiu para outra dimensão quando eu tinha apenas um ano de idade.

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