sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Epifania sertaneja

Casa grande da Fazenda Pitombeira, em Acari RN.

Texto e foto: Alex Gurgel

Rodeada por uma imensa mata catingueira, onde juremas, favelas, pereiros e algarobas fazem sombra para o gado pastar nesses tempos de seca-verde, a Fazenda Pitombeira desponta majestosa no sertão de Acari. Da casa grande se vê as serras que formam o Gargalheiras e toda a chapada que divide o Rio Grande do Norte da Paraíba.

Na sua varanda arejada com os ventos úmidos de novembro, Marcus Nepomuceno recebe os amigos para conversas sem fim, ao sabor de uma cachaça curtida em barril de carvalho e engarrafada na própria fazenda. O badalar de um sino generoso avisa a chegada de uma galinha caipira torrada em panela de barro, sobre as labaredas de um fogão a lenha.

Porque é preciso refrescar a alma que os visitantes da Pitombeira mergulham na Canoa, uma piscina natural nos lajedos de granito, como se um oásis brotasse no meio da caatinga para o deleite das horas mansas. A tarde desaparece bem devagar. O sol se aninha no quintal da fazenda, escorrendo por trás dos serrotes feito pequenos rios de luzes que findam no horizonte.

A heráldica peculiar da fazenda estampa uma saudade do sertão, como num sonho. Há uma doce melancolia feita de todas as ausências do meu tempo de menino, quando desbravava a fazenda Quixaba, em Caraúbas. Da última porteira, sinto o perfume das juremas anunciando o privilégio de ter conhecido a Fazenda Pitombeira.

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