A tradição da Pega de Boi no Mato chegou ao Seridó com a colonização e a expansão da criação de gado, quando não havia as cercas e o boi era solto na caatinga.
Fotos e texto: Alex Gurgel
jornalista (alex-gurgel@oi.com.br)
No próximo domingo, a Fazenda Pitombeira, em Acari, abre suas cancelas para apresentar a "5º Pega de Boi no Mato”, a partir das 10h. Paralelo ao evento acontecerá o “6º Encontro dos Vaqueiros da Ribeira do Acari”, reunindo toda a vaqueirama seridoense e de outras regiões do Rio Grande do Norte.
Diferentes das vaquejadas, onde o boi corre numa arena demarcada perseguido por vaqueiros, a Pega de Boi no Mato acontece no meio da vegetação caatingueira com os vaqueiros se embrenhando no mato em cima de cavalos ligeiros para pegar o boi, enfrentando espinhos de juremas e touceiras de xique-xique, demonstrando coragem e valentia.
A tradição da Pega de Boi no Mato chegou ao Seridó com a colonização e a expansão da criação de gado, quando não havia as cercas delimitando as fazendas e o boi era solto na caatinga. Ao final da estação chuvosa, os fazendeiros reuniam os vaqueiros da região para pegar o boi, marcar a ferros e conduzir para áreas onde os pastos eram mais abundantes.
Com o intuito de preservar a memória do sertanejo, valorizando a valentia do vaqueiro, a Fazenda Pitombeira realiza a 5ª edição da Pega de Boi no Mato. De acordo com Marcus Nepomuceno, fazendeiro e idealizador do evento, a Pega de Boi é uma maneira de resgatar uma das mais autênticas tradições seridoenses, preservando uma cultura genuinamente nordestina.
“Valorizamos o vaqueiro porque sempre foi um homem de muita confiança e com fama de valente. Há até um ditado que diz: ‘quem tem coragem é vaqueiro”, ressaltou. No livro Vaqueiros e Cantadores, Câmara Cascudo escreveu: “A Pega do Boi é uma prova legítima de habilidade e força, torneio sagrador de famas, motivo de cantadores que imortalizaram a façanha”.
O vaqueiro corre atrás do boi solto no mato, se livrando de espinhos de jurema e touceiras de xique-xique.
O boi é derrubado e mascarado no menor espaço de tempo.
Vestidos com suas armaduras de couro, os vaqueiros do Seridó são os hérois da caatinga.
No pôr-do-sol, a vaqueirama observa a hora mágica no Serido.
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