O lixão de Macau causa impacto ambiental irreparável. |
alex-gurgel@com-texto.com
Resíduos urbanos jogados e queimados sem controle por todos os lados, vestígios de lixo hospitalar dentro de valas no pé da cerca. Catadores, cachorros e urubus disputam montanhas de lixos. E entre o lixo, muita gente tira o sustento da família durante o mês inteiro. Tudo isso acontece no lixão de Macau, localizado as margens da BR 406, distante 12 km da cidade.
O lixão de Macau é um caso típico do desleixo com o dinheiro público. O “aterro sanitário” foi construído com recursos próprios da Prefeitura de Macau. O secretário de planejamento e desenvolvimento sustentável, Ubiratan Bezerra, não soube informar os gastos na obra. A estrutura de quatro células prevista no projeto foi desrespeitada. Pior: o lixo acumulado hoje ultrapassa e muito as dimensões de todas as células juntas.
Segundo Ubiratan Bezerra, o “aterro sanitário” de Macau foi construído dentro dos padrões de engenharia sanitária. O próprio secretário reconhece que havia uma grande dificuldade na operação que levou o “aterro sanitário” a se transformar num lixão. “Hoje, a gente procura trabalhar com o lixo controlado, fazendo a cobertura periódica do lixo”, disse.
Em 2009, o prefeito Flávio Veras foi para Brasília firmar alguns convênios para o município de Macau e conseguiu uma verba de R$ 370 mil, na Funasa (Fundação Nacional de Saúde), para ampliar o aterro sanitário de Macau. A equipe de reportagem do blog Macau em Dia foi até o lixão e não viu nenhum vestígio que algum dia havia uma placa indicando obras no local.
O secretário lembra que há um projeto do Governo do Estado chamado “Plano Estadual de Resíduos Sólidos”, onde se discute a viabilidade de um grande aterro sanitário para a Região do Vale, que será localizado em Assu. Macau teria apenas uma “estação de transbordo” (local para selecionar o lixo). “Enquanto esperamos o projeto, vamos utilizar o lixão”.
Soluções possíveis para o lixo de Macau
Barracos para moradia são construídos dentro do lixão de Macau |
Os macauenses são obrigados a conviver com uma montanha de lixo a céu aberto, que aos poucos vai degradando o meio-ambiente, destruindo a mata caatingueira. A decomposição do lixo orgânico gera um líquido escuro, turvo e malcheiroso altamente poluente denominado de chorume (ele é dez vezes mais poluente que o esgoto doméstico). No período chuvoso, o chorume encontra maior facilidade de infiltração no solo, contaminando os mananciais subterrâneos e também os mananciais de superfície (rios, lagos, córrego).
De acordo com o jornalista Bosco Afonso, ex-presidente da Urbana (Comapnia de Serviços Urbanos de Natal), a destinação do lixo é um problema constante em todos os municípios do Estado, apesar de ser mais “visível” nas grandes cidades. Segundo Bosco, os “lixões” continuam sendo o destino da maior parte dos resíduos urbanos produzidos no RN, com graves prejuízos ao meio ambiente, à saúde e à qualidade de vida da população.
“A coleta seletiva e a reciclagem de resíduos são soluções indispensáveis, por permitir a redução do volume de lixo em aterros. Não é a única forma de tratamento e disposição, exigindo o complemento das demais soluções”, relatou Bosco Afonso, ressaltando que o fundamento deste processo é a separação, pela população, dos materiais recicláveis do restante do lixo, que é destinado ao aterro.
Bosco Afonso defende um estudo sério para conter o avanço do “lixão de Macau”, criando políticas públicas que preservasse o meio-ambiente, através de mecanismos de reciclagem do lixo e de campanhas de conscientização da população do uso correto do lixo. “É preciso investir na proteção do meio-ambiente, resguardando a população de doenças proveniente do lixo. Precisa ser feita uma coleta seletiva e o lixo ser tratado de maneira correta,” disse Bosco.
Pessoas disputam o lixo com os urubus no lixão de Macau. |
Sacolas plásticas na caatinga, destruindo o meio-ambiente. |
Caminhão da Prefeitura de Macau despeja lixo em qualquer lugar do lixão. |
A degradação da mata catingueira é um crime ecológico sem precedentes. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário