terça-feira, 5 de julho de 2011

Vivendo entre animais

As crianças brincam em meio a porcos e lixo no Currais, uma população que vive numa situação de miséria às margens da sociedade macauense.
 Alex Gurgel | jornalista

Em Macau, uma comunidade chamada “Currais” se formou a margem da sociedade macauense e vem crescendo longe dos olhos inertes da administração municipal, dos gabinetes da Secretaria de Ação Social e da Secretaria de Infra Estrutura e Meio Ambiente. Nos Currais, as pessoas moram e convivem com os animais que criam, sem higiene e lixo espalhado por toda parte.

Toda a área dos Currais está localizada por trás da velha Estação Ferroviária, seguindo a linha do trem. O local abriga uns 10 km quadrado de currais improvisados, construídos com os mais diversos materiais. Os barracos onde moram as pessoas também são feitos de materiais encontrados no lixo, erguidos vizinho aos Currais onde criam seus animais. Nos Currais, é fácil ver crianças correndo, brincando entre os animais.

O aposentado João Batista de Souza, 67 anos, criador de porcos, está morando num barraco improvisado, feito de madeira velha, ao lado do chiqueiro dos porcos que ele cria. “Sou obrigado a morar perto dos animais porque se não tiver ninguém pastorando, as pessoas roubam”, tentou justificar. João Batista ressaltou que ele está nessa situação de risco há mais de cinco anos e nunca viu ninguém da Prefeitura de Macau no local.

Carne de Macau é abatida nos Currais

A Vigilância Sanitária, a Prefeitura de Macau e as “autoridades competentes” sabem que boa parte da carne vendida em Macau é criada e abatida pelos moradores dos Currais, lugar imundo onde se cria todo tipo de animal que possa ser comercializado no Mercado Público ou nas feiras livres. A carne abatida sem higiene expõe os consumidores a doenças perigosas como brucelose, cisticercose e raiva.

O presidente de honra do Partido Verde de Macau, Bosco Afonso, ficou chocado com a situação das pessoas que vivem nos Currais e questionou “se o Ministério Público já está ciente dessa situação de degradação humana porque o MP precisa fazer alguma coisa.” Segundo Bosco, a Prefeitura de Macau é conivente com a situação desumana que essas pessoas estão passando, morando entre animais de forma deplorável para sobreviver. “A administração municipal é omissa e despreza estes macauenses que vivem nos Currais”, disse.

Bosco Afonso relata que a localidade “Currais” só existe porque as pessoas precisam de um lugar para criar animais e abater para sobreviver, mas com o fechamento do Matadouro Público há mais de cinco anos, os abates ocorrem nas cercanias da cidade de forma imporvisada. “A Prefeitura de Macau é responsável pelos abates clandestinos e pela carne que os macauense consomem”, Observou.

Cavalos e gado ocupam a área dos Currais improvisados.

As cercas dos Currais são feitas de restos de materiais de construção.

Jovens e crianças moram nos Currais sem a menor infra-estrutura.

As pessoas sobrevivem da criação de animais nos Currais.

Barracos para moradia são construídos de forma precária.

O abate dos animais acontecem a luz do dia, sem higiene e sem fiscalização.

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