segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Entrevista com Bosco Afonso

Jornalista Bosco Afonso em entrevista exclusiva fala sobre a política de Macau.
Em entrevista exclusiva ao blog Macau em Dia, o jornalista Bosco Afonso, presidente de honra do Partido Verde em Macau e secretário municipal de meio ambiente e urbanismo de Natal, diz que o PV em Macau vai ter candidato a prefeito e vereador em 2012. O jornalista defende que a oposição deve se despir de vaidades e sentar para pensar em Macau.

“Como oposicionista ao sistema de governo que aí está, tenho a pretensão de disputar o pleito, ganhar a eleição e corrigir essa série de equívocos que se registram na administração municipal encabeçada pelo prefeito Flávio Veras. Mas para isso temos um longo caminho a percorrer”, disse Bosco.

Apoio da governadora Rosalba Ciarline, Plano de Governo, Financiamento de Campanha, Marketing Eleitoral, governo Micarla de Sousa, Campanha de Filiação do PV, oposição e situação. Tudo sobre a política macauense foi conversado nessas linhas com o Jornalista Bosco Afonso, um autêntico macauense com sal em suas veias e com vocação política acentuada, herdada do pai, Afonso Solino.

Macauemdia: O Partido Verde anunciou uma campanha de filiação a agremiação, mas esta campanha, ao que parece, não aconteceu, o que houve ?
Bosco Afonso: Como dirigente estadual e presidente de honra do PV em Macau asseguro que nós estamos fazendo as filiações ao partido isoladamente, principalmente com aquelas pessoas que irão disputar uma cadeira no legislativo municipal. A partir do próximo dia 27 é que iniciaremos uma campanha de filiação em massa, iniciando a nossa campanha “Semeando a Vida” no Conjunto Habitacional “Afonso Solino Bezerra”, popularmente conhecido como Conjunto da Cohab.

Em que consiste essa campanha, presidente?
Bosco Afonso: O “Semeando a Vida” é um projeto que o PV propõe levar às várias comunidades uma ação em que juntamente com a população nós iremos plantar mudas de árvores que representam a semente plantada e na mesma ocasião estaremos fazendo palestras sobre o meio ambiente e cidadania, levando atendimento médico-dentário e promovendo disputas esportivas para a juventude. E é nesse contato direto com a população, em cada localidade, que poderemos levantar os maiores problemas e os anseios daquela comunidade, pois a partir daí iremos elaborar um documento que vai respaldar a redação de um programa de governo para Macau.

Isso quer dizer que o Partido Verde vai disputar a Prefeitura de Macau nas eleições de 2012?
Bosco é dirigente do PV estadual.
Bosco Afonso: Lógico. Esse é o propósito do Partido Verde. É disputar de igual para igual, como oposição ao prefeito Flávio Veras, a eleição de 2012. Aliás, não só disputaremos o cargo de Prefeito de Macau, mas também teremos bons nomes para conquistar cadeiras na Câmara Municipal. O Partido Verde vem se alicerçando desde a eleição passada, quando o nosso candidato a deputado estadual Luiz Almir foi o terceiro mais votado no município e quando os dois candidatos a deputado federal que apoiávamos, no caso Junior do Sindicato e Rosy de Sousa, ambos do PV, tiveram juntos, mais de 2.300 votos.

Presidente, o senhor entende que isso credencia o partido para disputar o pleito majoritário em Macau? O senhor será o candidato a prefeito em 2012?
Bosco Afonso: Não é só isso que credencia o PV a disputar o pleito majoritário de Macau. O que credencia é que o PV é um partido sério, de conduta programática elogiável,, vem crescendo no conceito popular e tem nomes em níveis federal, estadual e municipal que se credenciam para disputar quaisquer cargos nas esferas citadas. Quanto a sua segunda pergunta, devo lhe dizer que ninguém é candidato de si próprio. Portanto, não posso afirmar que sou o candidato do PV.  Como oposicionista ao sistema de governo que aí está, tenho a pretensão de disputar o pleito, ganhar a eleição e corrigir essa série de equívocos que se registram na administração municipal encabeçada pelo prefeito Flávio Veras. Mas para isso temos um longo caminho a percorrer, pois em primeiro lugar temos que conquistar a confiança do eleitorado de Macau que começa a entender o equívoco cometido nas duas últimas eleições.

O senhor não acha que a situação da administração Micarla de Sousa (PV) em Natal vai afetar negativamente a  sua candidatura em Macau?
Bosco Afonso: É verdade que a administração da prefeita Micarla de Sousa, da qual faço parte com muito orgulho, não atravessa uma boa fase perante a opinião pública. Essa fase difícil enfrentada pela prefeita Micarla se deve a quebradeira que ela herdou da administração anterior. Ela encontrou a Prefeitura do Natal literalmente quebrada, com um grande passivo e um déficit na relação receita x manutenção e sem qualquer recurso para fazer investimentos. Além do mais, enfrentou dois anos a pão e água, sem qualquer ajuda dos governos federal e estadual. Agora, não.  Micarla vai começar a receber recursos financeiros, vai transformar Natal num verdadeiro canteiro de obras com muitos benefícios para a população e a tendência é reverter a situação atual.

O senhor faz parte da oposição e sabe que tem outros políticos na oposição que pretendem também se candidatar a prefeito de Macau no próximo ano. O senhor não acha que a oposição dividida fica difícil derrotar o candidato indicado pelo prefeito Flávio Veras?
Bosco Afonso: Exatamente. Você tem toda razão. Por isso que disse anteriormente que ninguém é candidato de si próprio. Isso serve pra mim, serve pra Zé Antonio, pra Odete, pra Rômulo Paulista, pra todos os que pretendem disputar o cargo de prefeito de Macau pela oposição. Costumo dizer que a oposição tem que ter muito juízo. Todos esses que vislumbram a possibilidade de disputar o pleito majoritário pela oposição tem que se despir de todas as vaidades e interesses pessoais e encontrar o caminho da composição para unir todas as forças e com um só nome disputar o pleito. Hoje, nenhum dos pretensos candidatos pode dizer que une a oposição, pois até o momento o que está se vendo é que os interesses pessoais, os interesses de grupos, os interesses partidários estão acima dos interesses de Macau, mas espero que tudo isso mude e a oposição venha a se unir para disputar o pleito de 2012.

Com o apoio da governadora Rosalba Ciarline, crescem as chances de Bosco conseguir ser prefeito de Macau. 
Mas, o senhor acredita que isso venha acontecer com tantos pré-candidatos a prefeito pela oposição?
Bosco Afonso: Se eu não acreditasse nessa possibilidade, certamente não estaria fazendo parte dessa luta e contribuindo para que isso aconteça. É uma questão de lógica e assim a razão é que tem que prevalecer. Não adianta se fazer política com emocionalismo. Temos que agir com a razão e a razão nos leva ao entendimento, à parceria, ao ajuntamento de forças em busca de um só propósito. Não serei, por hipótese alguma, empecilho para unificar as forças políticas da oposição. A nossa pretensão é ajudar a oposição a se unir e eleger o próximo prefeito de Macau. E espero que esse mesmo comportamento, esse mesmo desprendimento todos tenham e assim contribuam para unificar a oposição. Para isso é preciso se estabelecer regras que levarão a uma decisão de unificação das forças em torno de um nome que reúna  as reais condições de disputar a eleição com chances  de vencê-las em 2012. Para isso acontecer, repito, é preciso que a oposição tenha desprendimento e que as lideranças renunciem aos seus interesses pessoais e ajam se emocionalismo.

E que regras são essas que o senhor sugere para definir a escolha de um nome da oposição?
Bosco Afonso: As campanhas eleitorais hoje em dia são feitas com muito profissionalismo e essas campanhas são preparadas, são organizadas antes mesmo de se ir para a rua com um candidato. Neste momento, por exemplo, pouco vale a realização de pesquisa quantitativa. No momento oportuno, o que é válido é a realização de uma pesquisa qualitativa, com uns três grupos pesquisados, feita por um bom profissional. A partir daí é acompanhar todo o desenvolvimento da pré-campanha com pesquisas qualitativa e quantitativa até constatar aquele que melhor reúne as melhores condições de disputar o pleito. E isso só deverá ocorrer no próximo ano, talvez lá pelos meses de abril ou maio. 

Mas o senhor acha que alguém da oposição reúne estrutura financeira para enfrentar o candidato do prefeito Flávio Veras que diz abertamente que sabe o preço de cada um e que vai gastar o que tiver para eleger o seu sucessor?
Bosco acredita na união da oposição.
Bosco Afonso: Eu já vi esse filme, aqui em Macau mesmo. O saudoso Manoel Cruz (Tatá) derrotou toda uma estrutura que também estava na prefeitura. Quando a população entende que tem que mudar, muda; quando a população se sente ofendida pelo desrespeito aos seus direitos, muda; quando o povo entende que os seus anseios não estão sendo correspondidos, muda. E campanha não se ganha apenas com dinheiro, não. Campanha se ganha com um bom nome, com boas propostas, com seriedade, com responsabilidade, com respeito ao direito dos cidadãos e das cidadãs. Portanto, não imagino que a oposição queira “competir” com candidato amparado pelos recursos da Prefeitura. Lógico, é necessário que o candidato reúna com os seus amigos e admiradores as condições financeiras permitidas pela justiça eleitoral para financiar a campanha, mas longe de eu acreditar que alguém da oposição queira competir financeiramente com o candidato da situação. O que nos compete, como oposição, e estarmos vigilantes aos desmandos administrativos, pois já sabemos que o Sr. Flávio Veras é capaz de utilizar de todo tipo de expediente para a compra de votos, para burlar uma eleição e a prova maior disso é o número de processos a que ele responde até hoje na justiça eleitoral. Precisamos, sim, exigir das autoridades competentes uma rígida fiscalização durante toda a campanha eleitoral para evitar o abuso econômico.

No caso da oposição não se unir em torno de um nome, o senhor acredita que poderá existir uma terceira força nessa eleição de 2012?
Bosco Afonso: A democracia nos ensina que quanto mais candidato disputar um pleito, seja ele majoritário ou proporcional, é melhor para o eleitorado que tem mais opção de escolha. Mas, em Macau, nas ultimas décadas, não tem aparecido terceira força para disputar em igualdade com os dois grupos dominantes.  Era até bom que isso acontecesse, mas a realidade é outra.

Em o senhor sendo candidato a prefeito em 2012, já tem um programa de governo definido?
Bosco Afonso: Já estamos na elaboração de um programa de governo definido, pois não é muito difícil identificar o que a população de Macau pretende dos seus governantes. Primeiramente, que Macau tem uma renda per capita invejável a qualquer município desenvolvido. Então, se justifica não se preparar mão de obra local para ser absorvida pelas várias empresas que atuam na região? Justifica, o município de Macau, detentor de tantas riquezas como o petróleo, o gás natural, o vento que gera a energia eólica, o pescado, o sal, as águas-mães, não se consolidar como Pólo da Região e não atrair investimentos para gerar mais emprego e mais renda para a população? Justifica, com a arrecadação atual a população não ter um sistema de saúde a altura de suas necessidades? Justifica, com a arrecadação existente não se dá a atenção devida ao setor da educação como vem ocorrendo atualmente? É justo, um município com tantas riquezas ter tanta miséria?  Então, a partir desses questionamentos e mais o que iremos coletar da comunidade, teremos muita munição para elaborarmos um bom e real plano de governo. O que eu sinto, verdadeiramente, é que o povo quer mudanças e a oposição pode representar essas mudanças.

E o apoio da governadora Rosalba Ciarlini, nas eleições de 2012, será para quem?
Bosco Afonso: Em duas oportunidades que conversamos sobre a eleição de prefeito em Macau, a governadora afirmou que apóia aqueles que a apoiaram na sua eleição, mas também  tem demonstrado sua preocupação em unir a oposição ao prefeito Flávio Veras em torno de um único nome capaz de vencer a eleição. Nós do Partido Verde, por exemplo, juntamente com o vereador Zé Filho, fomos os primeiros a declarar apoio à então candidata a governadora Rosalba Ciarlini e há, da parte dela, esse reconhecimento. Podemos dizer categoricamente que contaremos com o apoio da governadora Rosalba, desde que venhamos a viabilizar a nossa candidatura a prefeito pela oposição.

5 comentários:

  1. Pela primeira vez estou lendo uma entrevista de um político com tamanha sensatez e equilibrio na avaliação do quadro político de Macau atualmente e na sua própria situação. Estou vendo um político sem rodeios, despretencioso e com bastante objetividade.
    Parabens ao blog wwwmacauemdia.blogspot.com pela entrevista. E essa entrevista merecia ganhar outros espaços.
    Cordialmente

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  2. O dificil, Bosco, é você conseguir unir esses caras da oposição. Quase todos só pensam neles mesmo. Acho que você vai dar com os burros n'água. Eles só querem pra eles mesmos

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  3. Um entrevista feita por um político que sabe o caminho a seguir. Respostas sem arrogância e chamando a oposição para uma parceria, uma união necessária para derrubar o poderia econômico do prefeito Flávio. Parabéns, Bosco Afonso. Macau está com você, trilhando o mesmo sentimento de mudanças.
    Ricardo Azevedo - Rua Pereira Carneiro

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  4. Amigo Bosco, você já tem meu voto se continuar com essa postura. Sem dúvida, é o melhor nome para se candidatar pela oposição. Um cara ficha limpa e tem a simpatia dos conterrâneos.
    Abraços,
    Marcos Silva, Macau

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  5. O que é política?
    Politica é a "arte ou ciência da organização e administração de Nações ou Estados" é uma das mais altas expressões de amor, define os meios e a ética das relações sociais. é o uso legitimo do poder para alcançar o bem comum da sociedade, é uma forma sublime de exercer a caridade. A politica é mais do que simples técnica para a definição dos ordenamentos políticos, sua origem e seu objetivo estão precisamente na justiça e esta é a natureza da ética. Em outras palavras, isso tudo quer dizer que a politica é tudo que fazemos ou deixamos de fazer pelo o bem do povo, é cada uma das nossas ações e de nossas atitudes que tanto podem visar o bem comum como a riqueza, o poder, o domínio. E o que distingue a politica da politicagem? Bem vamos dizer assim; a politica busca o bem comum de todas as pessoas sem exceção, a politicagem usa da politica para enriquecer e privilegiar alguns poucos deixando a maioria marginalizada e excluída da sociedade.
    Foi com esse objetivo de ética e cidadania correta ao bem comum da população de Macau sofrida pelo descaso de "politiqueiros" que Bosco Afonso propõe sua candidatura a prefeito de Macau. Eu acredito que essa é a postura correta de um politico ficha limpa, e acredito e posso afirmar sem sombra de duvida, que o que faz a diferença ainda é o ser humano.

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